São Paulo - Sertãozinho, Jundiaí, Itu e Diadema estão entre as
cidades paulistas mais impactadas pelas demissões da indústria este ano.
Cruzando os dados demográficos dos municípios com o do Cadastro Geral
de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e
Emprego, observa-se que o caso mais grave é o de Sertãozinho, onde as
demissões do setor já atingem 8% população. Em Jundiaí a proporção é de
4,6%; em Itu é de 3,9%; e em Diadema, 3,7%.
Segundo o empresário Adézio José Marques, diretor
regional de Sertãozinho do Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp),
os segmentos metalúrgico e o sucroalcooleiro são os que mais vem
contribuindo para aumentar o saldo negativo do emprego industrial na
região. “As usinas e destilarias são as maiores forças propulsoras da
economia local, que inclui Ribeirão Preto, Sertãozinho e mais cinco
municípios. Desde que esse setor entrou em crise, a partir de 2008, a
indústria metal mecânica da região também entrou em declínio por causa
da queda nas encomendas da agroindústria canavieira”, explica,
mencionando que só no mês de outubro foi registrado um saldo negativo de
850 postos de trabalho no entorno de Sertãozinho. “E são esperadas
cerca de 4 mil demissões a mais nos dois últimos meses do ano por causa
do fim da safra de cana-de-açúcar na região”, frisa Marques.
De acordo com ele, as demissões da indústria têm
estabelecido um clima de desânimo no meio empresarial e no mercado de
trabalho da circunvizinhança de Sertãozinho. “Mesmo sem demitir em
massa, o próprio comércio dá sinais de pessimismo. Empresários do setor
de Ribeirão Preto, que detém cinco shoppings centers, falam que vão
reduzir o volume de contratações sazonais para o final do ano”, diz.
Marques relembra que há dois anos a Companhia Albertina, uma usina
destilaria, fechou as portas, extinguindo cerca de 600 empregos diretos.
“Na semana passada, uma fábrica de caldeiras de médio porte também
encerrou suas atividades, demitindo cerca de 170 trabalhadores,
contribuindo para deprimir ainda mais a economia da região”, afirma.
O empresário, que é dono de uma indústria de
equipamentos para portos e para o setor de petróleo e gás, diz a
suspensão de investimentos da Petrobras e o atraso no pagamento de
alguns contratos da estatal tem gerado incertezas para outras empresas
da região.“Aqui há cinco empresas em recuperação judicial de pequeno,
médio e grande porte. Os empresários estão muito apreensivos com a
situação geral”, comenta.
Já o empresário Mauritius Reisky, diretor da
regional de Jundiaí da Ciesp, que engloba outros dez municípios como
Itatiba, Vinhedo e Campo Limpo Paulista, afirma que em sua localidade
foram extintos 8 mil empregos nos últimos 12 meses. “No acumulado do
ano, são cerca de 5,3 mil demissões. Só em outubro foram 1,3 mil postos
de trabalhos fechados”, contabiliza. “A redução de investimentos do
setor de máquinas e equipamentos e da indústria automotiva tiveram
impacto direto no segmento industrial da região, tanto que aqui os
segmentos que mais demitem são a indústria metal mecânica e a de
autopeças", afirma, mencionando que em média são registrados dois
pedidos de recuperação judicial de empresas no entorno de Jundiaí.
De acordo com Reisky, na cadeia produtiva regional é
forte a presença de fabricantes de autopeças que produzem artigos
automotivos de matéria-prima metálica, mas também de plásticos,
borracha, além de componentes como freios e eixos de automóveis. “A
atividade tímida das montadoras reduziu as encomendas dos seus
fornecedores que, por sua vez, fizeram ajustes nos seus quadros de
funcionários. Ainda não podemos falar de aumento do desemprego na
região, já que alguns trabalhadores conseguem colocações em outras
fábricas, utilizam as indenizações para abrir seus próprios negócios, ou
migram para o setor terciário, perdendo poder aquisitivo — já que o
comércio não oferece salários e benefícios compatíveis com os da
indústria”, diz.
De acordo com ele, também é observada a migração de mão-de-obra da região para outros municípios como Campinas e São Paulo.
Fonte:Valor
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